Como é o golpe do bilhete premiado que fez idosa perder mais de R$ 3 milhões no interior de SP
Alerta do golpe do bilhete premiado: Idosa perde R$ 3,2 milhões
Uma idosa do interior de São Paulo perdeu mais de R$ 3,2 milhões após ser vítima de um estelionato conhecido como 'golpe do bilhete premiado', em novembro de 2024. Ela tem 66 anos e é de São José dos Campos.
Nesta quarta-feira (12), uma quadrilha investigada pelo golpe foi alvo de uma operação da Polícia Civil em São José e outras cidades do Brasil. A Justiça bloqueou R$ 74,7 milhões dos investigados, e duas mulheres foram presas - leia mais detalhes abaixo.
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Como é o golpe do bilhete premiado?
No 'golpe do bilhete premiado', os criminosos abordam vítimas - geralmente idosas e com alto poder aquisitivo -, alegando que têm um bilhete de loteria premiado, mas que não conseguem retirá-lo.
Os golpistas, então, oferecem o suposto bilhete às vítimas, em troca de transferências bancárias com valores menores em relação ao do bilhete.
"Idosos acabam sendo mais suscetíveis a golpes que envolvem transferências digitais, porque estão menos acostumados com as plataformas. Eles são alvos também de outros golpes, como do falso advogado e do motoboy. E a principal dica para todos é: desconfiar de tudo o que vem fácil", alerta o advogado especialista em golpes financeiros Léo Rosenbaum.
Caso tenha caído do golpe, a vítima deve registrar um boletim de ocorrência e acionar o Banco Central para tentar bloquear as transferências bancárias.
"Lamentavelmente o golpe do bilhete premiado é muito comum. Acontece tanto em comunicações pela internet quanto em comunicações físicas. A orientação é que qualquer um que tenha feito pagamentos para receber esse bilhete premiado, ao notar que caiu em um golpe, lavre boletim de ocorrência. Caso tenha feito as transferências por pix, acione o mecanismo especial de devolução, que é um sistema dentro das transferências bancárias via pix para bloqueio do dinheiro na conta de destino e devolução para a vítima", explica Luiz Augusto Filizzola D'urso, advogado especialista em crimes cibernéticos.
De acordo com Rosenbaum, os bancos podem ser responsabilizados casos as vítimas não consigam recuperar o dinheiro.
"O banco deve ter controle e responsabilidade sobre operações financeiras que fogem do perfil de risco do cliente. Então se um cliente está acostumado a fazer transferências de no máximo R$ 10 e do nada passam a fazer de R$ 40 mil, o banco deve acionar um sistema de segurança e confirmar se essa transferência maior está de fato sendo feita pelo cliente. Então várias decisões judiciais apontam responsabilidade também dos bancos em transferências altas, que acabam sendo golpes" completa.
Imagem de arquivo - golpe do bilhete premiado e perde R$ 200 mil no Paraná
Reprodução RPC
Mais orientações, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo:
desconfie de solicitações de informações pessoais: nunca compartilhe informações pessoais, como senhas, números de cartão de crédito, CPF, etc., através de e-mails, mensagens de texto ou telefonemas não solicitados
verifique a autenticidade dos sites: ao fazer compras online, verifique se o site é seguro e autêntico, pesquise opiniões e avaliações sobre a loja virtual
cuidado com e-mails e links suspeitos: evite clicar em links enviados por e-mails desconhecidos ou suspeitos. Esses links podem redirecionar para sites projetados para roubar informações
fortaleça suas senhas: utilize senhas fortes, com uma combinação de letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais
ative a autenticação de dois fatores: sempre que possível, habilite a autenticação de dois fatores nas suas contas online. Isso adiciona uma camada extra de segurança
tenha cuidado ao compartilhar informações pessoais nas redes sociais: evite fornecer informações pessoais sensíveis nas redes sociais, como data de nascimento completa, endereço residencial e número de telefone
desconfie de ofertas muito boas para ser verdade: se uma oferta parecer boa demais, desconfie. Golpistas frequentemente usam ofertas tentadoras para atrair vítimas. Seja cauteloso e pesquise sobre a empresa ou vendedor antes de realizar qualquer transação
mantenha seu software atualizado: mantenha seu sistema operacional, navegador e programas antivírus atualizados. As atualizações ajudam a corrigir falhas de segurança e proteger seu dispositivo.
Operação
Uma quadrilha responsável por aplicar um golpe financeiro em uma idosa que perdeu mais de R$ 3,25 milhões em transferências bancárias foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta quarta-feira (12).
Polícia deflagra operação contra grupo que aplicava golpes financeiros
De acordo com a Polícia Civil, a idosa de 66 anos é de São José dos Campos (SP) e foi vítima um estelionato conhecido como 'golpe do bilhete premiado', em novembro de 2024.
Após receber uma denúncia sobre o crime, a polícia descobriu um grupo criminoso formado por pelo menos 23 pessoas. Elas são investigadas por estelionato e lavagem de dinheiro.
Nesta quarta-feira, os policiais civis cumpriram 15 mandados de busca e apreensão contra alvos da investigação em São José e outras cidades do país, como Rio Claro (SP), Nova Odessa (SP), Atibaia (SP), Salvador (Bahia) e Londrina (Paraná).
Duas mulheres foram presas com documentos falsos. Houve também a apreensão de R$ 300 mil, 30 mil euros, 50 mil dólares, 20 celulares, quatro computadores, um tablet, um carro (Jeep Compass), um pendrive, um HD (dispositivo de armazenamento) e documentos, que serão usados na investigações.
Além disso, 23 contas bancárias foram bloqueadas, cada uma no valor de R$ 3,25 milhões, totalizando mais de R$ 74,7 milhões.
A operação 'Golpe da Sorte' foi conduzida pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São José e contou com o apoio das corporações de outras cidades. Ao todo, 50 policiais participaram da ação
Polícia deflagra operação contra grupo que aplicava golpes financeiros
Divulgação/Polícia Civil
Como a polícia descobriu o suspeitos
Segundo a DIG de São José dos Campos, a denúncia do golpe sofrido pela idosa deu início a uma série de análises dos destinos dos valores das transferências feitas por ela para contas de pessoas intermediárias.
Os valores, ainda de acordo com a investigação, foram enviados para casas de câmbio em operações fracionadas após as transferências feitas pela idosa. Em seguida, os valores eram convertidos em criptoativos.
Polícia deflagra operação contra grupo que aplicava golpes financeiros
Divulgação/Polícia Civil
Por meio dos criptoativos, a polícia conseguiu identificar carteiras digitais usadas pelos responsáveis pelo golpe
"Através de cruzamento de dados bancários, registros de operadoras de criptoativos e relatórios do COAF, foi possível mapear todo o fluxo de conversão e ocultação dos valores, chegando aos operadores e beneficiários finais", explica a Polícia Civil.
De acordo com a polícia, o grupo criminoso especializado na lavagem de dinheiro após os estelionatos conta com uma rede estruturada e atua em diversos estados do país
Polícia deflagra operação contra grupo que aplicava golpes financeiros
Divulgação/Polícia Civil
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