Avó de bebê que morreu após passar mal em creche cobra justiça: ‘Estamos sem chão‘
30/07/2025
(Foto: Reprodução) Polícia investiga morte de bebê em Jacareí
Única criança da família, a bebê Manuella Franco Marques, de um ano e três meses, que faleceu após passar mal na creche em Jacareí (SP), era tida como um tesouro para a família.
Segundo a avó de Manuella, a gerente Cláudia Aparecida Barreto Marques, mesmo tão pequena, a menina esbanjava luz e, com um simples sorriso, conseguia levar alegria e unir os familiares.
Duas professoras e a diretora da creche são investigadas por homicídio culposo, que é quando não há intenção de matar. A menina morreu na última segunda-feira (28), em Jacareí (SP) - leia mais abaixo.
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De luto, dois dias após a morte da neta, Cláudia concedeu entrevista para a TV Vanguarda. A avó cobra justiça pelo ocorrido.
“Os pais não querem falar, mas eu tenho que falar, porque eu tenho que fazer justiça pela minha netinha. Ela era o ouro da nossa família, única criança que a gente tinha na família. Ela trouxe muita alegria para a família, nos uniu, era nosso ouro”, lamentou.
“É injusto acontecer isso, minha neta pagou com a vida dela, isso não pode acontecer com outras crianças. As autoridades têm que tomar providência para que não aconteça com outra família”, defendeu.
Segundo a avó, a menina começou a frequentar a creche para que a mãe pudesse buscar um emprego e todos os familiares estão abalados com o falecimento da bebê.
“Toda família que coloca em uma creche, é porque precisa, não é porque não quer cuidar. A mãe está sem chão, a única coisa que ela tinha na vida era a filha dela. Meu filho está sem chão, ele trabalhava 24h por dia pra sustentar a filha. Agora eles não têm mais nada”, contou a avó.
Ainda segundo a avó, além de buscar justiça pelo que aconteceu com a neta, a família também está empenhada em defender a presença de profissionais da saúde no ambiente escolar.
“A gente tem que fazer justiça, que faça valer a lei, fazer que tenha pelo menos uma enfermeira experiente na creche, isso tem que ter, porque aquelas pessoas que estão lá dentro da creche têm treinamento para cuidar, não para socorrer”, argumentou.
“A gente vai começar a apurar essas coisas ainda, a gente ainda está de luto, eu não quero acusar, sei que tentaram socorrer, mas não pode acontecer de novo”, finalizou.
O caso
Duas professoras e uma diretora são investigadas pela Polícia Civil pela morte de uma bebê de 1 ano e 3 meses após passar mal na creche municipal Maria José Capelli, no bairro Parque dos Príncipes, em Jacareí (SP). O caso foi registrado como homicídio culposo - quando não há intenção de matar.
O corpo de Manuella Franco Marques foi enterrado nesta terça-feira (29), um dia após a morte da bebê.
Além do depoimento de todos os funcionários que estavam na creche, a Polícia Civil pediu imagens de câmeras de segurança para confirmar os horários de atendimento à ocorrência e apurar possível omissão de socorro.
A polícia também quer explicações da prefeitura sobre o fato da unidade não contar com uma profissional de saúde trabalhando na creche, como já ocorreu no passado.
Boletim de Ocorrência
O Boletim de Ocorrência foi feito com base na versão que as cuidadoras da creche deram aos policiais militares:
Elas disseram que, por volta das 10h20, alimentaram Manuella com papinha, e em seguida a colocaram deitada em um colchonete no chão, junto a outras crianças.
Por volta das 10h50, Manuella começou a vomitar, momento em que prestaram os primeiros cuidados, realizando a limpeza da criança.
"Em sequência, a menor teria apresentado quadro de debilidade física, evoluindo para cianose (coloração arroxeada da pele). Ato contínuo, as cuidadoras afirmam ter realizado manobra de sucção nasal", diz o BO.
O documento segue com a informação de que "diante da gravidade do quadro, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, tendo comparecido ao local e realizado procedimentos de emergência, os quais, porém, não obtiveram êxito". Não consta o horário de acionamento.
Prefeitura contesta horários
Segundo a Prefeitura de Jacareí, o Samu foi acionado às 11h48. Uma câmera de segurança que fica na rua da creche gravou o momento em que uma ambulância chegou: 12h02.
Por nota, a administração municipal diz não proceder a versão de que a criança começou a passar mal às 10h50 - conforme consta no BO - e sim, por volta das 11h45, quando o Samu foi acionado.
Disse que o município tem registros que demonstram o erro documental e eles serão apresentados nas oportunidades cabíveis, junto aos órgãos competentes.
Confira a íntegra da nota da prefeitura:
A Prefeitura de Jacareí informa que a presença de profissionais da saúde em creches não é obrigatória. Acrescenta, ainda, que técnicos e auxiliares de enfermagem atuaram em equipamentos da Secretaria de Educação até 2023 em Jacareí, mas que foram retirados em função de uma determinação do Coren (Conselho Regional de Enfermagem).
Por outro lado, há regulamentada a Lei Federal de nº 13.722, que prevê a capacitação dos profissionais da educação em primeiros socorros. Em Jacareí, a legislação é seguida por meio do oferecimento de cursos anuais com conteúdo condizente à natureza e à faixa etária do público atendido.
Sobre a agilidade do atendimento, o município reitera a informação de que o SAMU foi acionado rapidamente, enquanto a equipe da unidade escolar se mobilizou para prestar os primeiros atendimentos no local, inclusive recebendo orientações do serviço via telefone. Ainda em relação aos horários, a pasta ressalta não proceder a informação de que a criança teria começado a passar mal às 10h50 - conforme consta no boletim de ocorrência - e sim, por volta das 11h45, quando o SAMU foi acionado. O município tem registros que demonstram o erro documental e eles serão apresentados nas oportunidades cabíveis, junto aos órgãos competentes.
Criança de 1 ano morre após passar mal em creche, em Jacareí
Arquivo Pessoal
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