Antes de pedir socorro à escola do filho, vítima de agressão tentou bilhete para família: 'Não é a 1ª vez que ele me bate, vem me buscar'
03/06/2025
(Foto: Reprodução) Caso aconteceu em maio deste ano, na zona rural de Cruzeiro, interior de São Paulo. Justiça tornou réu o homem acusado de violência doméstica e cárcere privado. Antes de pedir socorro à escola do filho, vítima de agressão tentou bilhete para família: 'Não é a 1ª vez que ele me bate, vem me buscar'
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Antes de pedir socorro para escola do filho, de 5 anos, uma mulher vítima de violência doméstica e cárcere privado escreveu um bilhete que pretendia entregar para a família em busca de ajuda, mas acabou não conseguindo por falta de oportunidade (veja acima).
"Cuida dos meus filhos, por favor. Você sabe que não é a primeira vez que ele me bate. Amo vocês, família. Mas eu preciso de ajuda. Por favor, vem me buscar", diz um trecho do bilhete.
Sem encontrar uma maneira de enviar o bilhete para a família, ela escreveu um outro pedido de socorro no caderno do filho e mandou quando ele foi para a escola. A partir desse segundo bilhete, a mulher foi resgatda e o marido foi preso no dia 14 de maio em Cruzeiro, no interior de São Paulo.
“Querida diretora, preciso de sua ajuda. O pai do meu filho está me batendo muito. Tem como você me ajudar? Para o bem dos meus filhos, por favor. Estou com muito medo. Obrigada”, dizia o billhete enviado por meio do filho.
Somente 15 dias após esse pedido é que a polícia conseguiu encontrar a mulher, com a ajuda de um motorista de van escolar.
Bilhete que a mãe pediu para o filho de cinco anos entregar para a direção, pedindo socorro.
Arquivo pessoal
Na delegacia, a mulher revelou aos policiais a existência do bilhete que seria entregue para a irmã. Em depoimento, ela disse que entregaria quando tivesse oportunidade, já que não podia sair de casa.
No bilhete, que foi juntado nas investigações, a mulher demonstra medo do marido. "Quando tiver lendo esta carta, posso não estar ao lado de vocês agora".
E relata as agressões:
"[Ele] Me bateu de novo, eu não estou aguentando mais. Ele me enforcou, deixou meu pescoço roxo. Ee também bateu no rosto da [ilegível] e ficou roxo. Me ajuda, vem me buscar. Eu quero ir embora, mas ele disse que vai me matar. Estou com muito medo dele".
Ainda relatou ameaças do marido, caso ele fosse denunciado.
"Quando sair da cadeia, ele vai matar você [mãe], meu pai, meus irmãos".
"Cuida dos meus filhos. Você sabe que não é a primeira vez que ele me bate. Amo vocês, família".
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Agressor vira réu
Na última semana, a Justiça tornou réu o homem preso acusado de violência doméstica e cárcere privado contra a esposa. O homem vai responder pelos seguintes crimes:
Violência doméstica;
Ameaça contra mulher;
Sequestro e cárcere privado;
Estupro.
Na denúncia, que foi acatada pela Justiça, o Ministério Público de São Paulo afirmou que "o relacionamento do casal é extremamente conturbado, marcado por diversos episódios de ações violentas praticadas pelo denunciado em face da vítima".
Apontou ainda que o homem "por diversas vezes entre os anos de 2017 e 2025 [...] constrangeu sua companheira mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal com ele".
E que a partir de 2024 passou a manter a mulher em cárcere privado.
"Proibindo-a de sair sozinha ou manter contato com amigos e familiares, tendo a vítima relatado que o imputado, há dois anos, não lhe permite ter acesso ao seu celular e que não via sua mãe há quatro meses", diz a denúncia.
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Decretada prisão de agressor de mulher que pediu socorro em bilhete
O documento ainda denunciou as agressões contra a mulher.
"Após a vítima ter se deslocado junto com o denunciado até a residência de um amigo dele e, na oportunidade, ter relatado para a esposa do mencionado amigo, que ela estava sendo vítima de agressões em casa, o imputado rapidamente obrigou-a a entrar no carro para irem embora, puxando-a pelo cabelo e lhe arrancando um tufo".
"Durante a ordem de entrada no carro proferida pelo denunciado, que não foi imediatamente acatada pela vítima, o imputado muniu-se comum pedaço de bambu e começou a desferir diversos golpes contra a vítima, lesionando-a", completou.
Durante o inquérito policial, o homem admitiu que agrediu a mulher uma vez com bambu, "mas nunca a ameaçou e nem a manteve em cárcere privado". O g1 tenta localizar a defesa do réu.
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